ANDREA ANDRADE - ESCRITORA
  • Home
  • Blog
  • Galeria
  • Design
  • Contato
  • Produtos

Sobre caminhar

3/11/2019

0 Comments

 
Desde que comecei a caminhar foram poucos passos até os 5 anos, quando uma intervenção cirúrgica me deixou parada no “ponto”.
 
Ou seria nos pontos...
 
As reticências desde criança “caminham” comigo...
 
Depois da cirurgia TUDO relacionado ao meu “deambular” se resumiu nestes três simpáticos pontinhos...
 
Será que ela vai voltar a andar?
...
Já está sentindo as pernas?
...
Será que essa massagem vai mesmo reconstruir os músculos dela?
...
A fisioterapeuta Silvia (nunca esquecerei o nome dela) me fez reaprender a andar...
 
Comecei a engatinhar...
 
Andar com barras paralelas...
 
Subir e descer escadas...
 
6 meses se passaram...
 
Voltei a “caminhar” só que não do jeito tradicional...
 
Aos 8 anos minha mãe me colocou em outra fisioterapeuta, Marilda, uma senhora extrovertida, alegre que me deu exercícios para expandir minha capacidade pulmonar, pois os altíssimos graus de lordose, cifose e escoliose esmagaram meus órgãos, de modo que meu pulmão é menor do que o seu...
Para entender, quando dou um passo, uso TODAS as partes do meu corpo principalmente os braços e isso me deixa exaurida...
 
Com essa técnica dela eu andava e cansava menos...
 
Mas, Deus em sua infinita bondade colocou no meu “caminho” amigas que faziam de tudo para mim...
 
Chegava no colégio com minha mochila Sansonite daquelas de alça, sabe? E elas já me esperavam lá fora para carregá-la até a sala para mim...
 
Eu dava conta de carregar, mas confesso ter gostado dessa atenção que tinham comigo...
 
Hoje nos meus 45 anos percebo claramente que sou uma pessoa que nasceu para “chamar atenção” ou seja, uma criatura diferente, esquisita...
 
Calma! Não leve essa esquisitice para o lado triste da coisa.
 
O que quero dizer é que sou uma pessoa que AMA ser diferente e que acredita que essas “singularidades” fazem do meu “caminhar” um jeito charmoso e escalafobético de seguir pela vida...
 
E isso por mais estranho que pareça sempre atraiu para minha vida pessoas MARAVILHOSAS...
 
Na realidade me tornei um pouco de cada uma delas...
 
Ainda na minha infância tive uma inimiga das mais invejosas que conheci em toda minha existência...
 
Acho que ela pensava: como esse ser esquisito consegue tantas amigas?
 
Que Deus a tenha sempre longe de mim!
 
Amém!
 
Modéstia é algo que quase sempre fica a parte quando me refiro a primeira pessoa.
 
É que acredito que quando algo de bom e motivador surge em mim tenho obrigação de ressaltar e compartilhar.
 
Me considero uma vitrine viva para aqueles que precisam de incentivo...
 
Acredito que posso ser a “diferente” que fará a diferença na vida de alguém...
 
Quero inspirar as pessoas...
Que elas acreditem no poder que temos para reinventar a vida...
Que descubram que, assim como o He-Man, cada uma de nós possuímos muita força...
Que não deixem se abalar pelos obstáculos...
 
Se acharem que está difícil, usem “muletas”, incremente sua vida com facilitadores que façam seu “caminhar” ultrapassar barreiras...
 
É muito gratificante “vencer” as dificuldades, olhar para trás e conferir onde é que você chegou...
 
Eu ainda não cheguei!
 
Sou uma pessoa que me imponho “missões” algumas impossíveis, porque para mim o que mais IMPORTA é continuar aprimorando minha “caminhada” mesmo que esta seja um pouco “despingolada”...
 
Sempre que atinjo uma “meta” invento outra e assim vou transformando o meu ser mental e físico numa “fortaleza”, pois a cada “missão” cumprida, fico mais segura do que sou capaz...Do que posso fazer!
Gosto de mostrar ao meu físico que quem manda é a MINHA MENTE, o meu PENSAR...
 
Falam que não existe nada maior que AMOR de mãe não é, mas vou te dizer e vai soar presunçoso e não deixa ser, o poder do meu acreditar é tão certo, tão intenso que me atrevo a afirmar que o meu AMOR-PRÓPRIO cria ilusões tão reais que de tanto acreditar que sou capaz a ilusão passa a ser minha realidade.
 
Agradeço a Deus pois além de força de vontade, vim premiada com muita imaginação...
 
Sem ela minha vida seria um marasmo!
 
Preciso de imaginação para trazer mais VIDA ao meu “caminhar”.
 
 Para mim o que importa é como me imagino.
 
Na minha infância me via como uma das Panteras do seriado mais precisamente a Jaclyn Smith.
 
Talvez por ser a nossa brincadeira no recreio eu levei a sério e passei a acreditar que meu jeitinho para correr era o meio seguro de me manter longe do perigo e salvar minhas coleguinhas que não “corriam” como eu. Sim! Eu “corria” e muito, não como um ser humano normal corre...Corria de um modo “iDEIAL”...Ou seja num modus operandus só meu...
 
O tempo passou e percebi que a maneira como me vejo sugestiona as pessoas a me verem do mesmo jeito que imagino ser...
 
Não sei explicar, mas trago uma certeza do meu papel aqui nesta vida que mesmo nos meus mais tristes momentos, sempre busquei algo no meu imaginar que me fazia dar a volta por cima...
 
AMOR-PRÓPRIO pode ser maior que amor de mãe!
 
Muitos me rotulam como fria, mas a definição correta seria, sou consciente que sofrer faz parte da vida então busco na imaginação um meio para “caminhar” por esse sofrimento da melhor maneira que conseguir...
 
Não se iluda! Sofrer é viver, VENCER e RENASCER mais forte...
 
A morte de um ente querido é o mesmo que arrancar um pedaço da gente, nessa hora nossa mente não tem mesmo condição de ficar imaginando como sofrer menos, mas do pouco que tenho aprendido posso dizer que o ser humano é um ser que se acostuma com a rotina...
 
O cotidiano de não ver mais o “ente” parece “treinar” nossa mente e começamos a “aprender” a viver na ausência deles...
Viver então acaba sendo uma espera constante pela morte e o que você faz enquanto “espera” por ela...
 
Se vamos morrer então devemos continuar o “caminhar” com o que acreditarmos que irá nos ajudar nos percalços que nos esperam...
 
Todo carro tem estepe, se fura o pneu, paramos no meio do “caminho” para colocar o sobresselente...
 
Tenha o seu “estepe” para situações inesperadas, você irá sofrer para “trocar, vai chegar atrasada, mas vai continuar o seu “caminho” e o principal sairá confiante de si...
 
Situações inesperadas são formas de recebermos “premiações”...
 
Como, parabéns você passou para o próximo “nível”...tipo videogames quando passamos pelas fazes e ganhamos bônus e mais vidas por isso...
 
Deus, ainda me incrementou com um modo peculiar e positivo de “ “ver” minhas fraquezas como motivos para me tornar forte e melhor...
 
Juro para você que aprendi a cair!
 
Caí tantas vezes que me tornei exímia em chegar ao chão suavemente...
 
Não é aquela caída seca, é uma caída em câmera lenta...
 
Nem Bruce Lee caía como eu caio!
 
Aposto com você!
 
Os tropeções, os catar cavacos, os tombos e mais tombos me transformaram numa pessoa resiliente, engraçada e o principal, de bem com a vida...
 
Algumas pessoas me tacham de louca e talvez eu seja...
 
Talvez a loucura seja minha válvula de escape...
 
Teve um dia, foi há dois meses atrás, estava fazendo meu exercício de subir e descer a escada até complementar 40 minutos, quando a falta de harmonia entre o movimentar das muletas com as minhas pernas me fizeram catar uns 15 cavacos...
 
Consegui não cair, e me deu uma crise de risos, mas confesso que a adrenalina, mesmo numa pessoa como eu que não vive sem betabloqueador, correu acelerada pelo meu corpo...
 
Senti um ardor visceral assaltando minhas veias e o coração acelerou, tipo o Lewis Hamilton numa reta...
 
Descer e subir escadas exige de mim muito foco, porque preciso coordenar as muletas nos degraus antes das pernas...
 
Por isso é vital que esteja focada...
 
O manipular as muletas com os braços e meus pisar nos degraus precisam estar em perfeita sintonia...
 
E mais uma vez a modéstia, que sempre fica de lado entrou em ação porque nesse dia, pensei comigo, eu e Beethoven temos mais uma coisa em comum, eu com as muletas e ele com as batutas, ou você acha que coordenar muletas nos braços em sintonia com as pernas não possa ser considerado uma orquestra de movimentos?
 
Sei que deve estar se perguntando qual outra coisa em comum que tenho com Beethoven...
 
Apesar dele ser surdo conseguia ouvir músicas em sua mente e do mesmo modo eu que não sinto completamente o pé esquerdo consigo fazer estripulias não somente com ele, mas com todo meu corpo, pois sendo repetitiva, porque quero que grave isso em sua recordação, A MINHA MENTE É SUPREMA AO MEU CORPO!
 
Ainda falando de Beethoven, existe algo mais que me deixa fascinada pela sua genialidade, a Nona Sinfonia.
 
Como é que este maestro de uma genialidade fenomenal sem poder ouvir o que toca, “toca” tanto o meu coração?
 
Acredito que sua imaginação lhe dê “melodias” em forma de emoção...
 
Seu imaginar é tão divinamente infinito que o que ele sente quando imagina “música”, torna-se uma orquestra para os “sentidos”...
 
Ode of Joy ou Nona Sinfonia deixa claro que sua “deficiência” foi o meio para alcançar a excelência em todos os “sentidos”.
 
Compreende onde quero chegar?
 
Não importa se meu “caminhar” é diferente, singular, esquisito, escalafobético, mas, sim o que faço dele para me “aprimorar”.
 
Peço a você que não pare seu “caminho”! 
 
Dificuldades sempre existirão, porém, o poder do seu querer é capaz te levar muito além...
 
E se precisar de mais motivação pode me chamar, colocamos a Nona Sinfonia, deixo uma muleta de lado, seguro em seu braço e vamos juntas em um só “caminhar” até que a alegria em nossos corações possa de vez ficar...
 

0 Comments

    Autora

    Administrando inspirações para que seja capaz de inspirar todos ao meu redor.

    Arquivos

    December 2019
    November 2019
    October 2019
    August 2019
    April 2019
    January 2019
    October 2018
    February 2018
    November 2017
    October 2017
    August 2017
    June 2017
    April 2017
    March 2017
    February 2017

    Categorias

    All
    Amor
    Eu
    Humor
    Kombi
    Livros
    Mãe
    Morte
    Nonsense
    Para Você
    Pensar
    Poesia
    Realidade
    Reflexões

    RSS Feed

Andrea Andrade - Todos os direitos reservados -  2002-2019
  • Home
  • Blog
  • Galeria
  • Design
  • Contato
  • Produtos