Acordei tendo a certeza de que estava dormindo.
Paradoxos sempre me despertam para lados fora do padrão. Tentei levantar da cama, mas já estava em pé... Que sensação estranha, sentir-se deitada estando em pé... Olhei para a porta do meu quarto, estava aberta, porém minha mãe que tem o desejo mórbido de sempre me acordar no meio dos meus sonhos não estava lá. Chamei, manhê! Mas nada! Esquisito demais, porque sempre que minha mãe vê, mesmo se for uma frestinha da minha porta aberta, ela tem essa mania estranha de me acordar, é como se ela estivesse num jardim com sorvetes de baunilha onde pudesse comer todos de uma vez só. Bizarro! Minha mãe AMA sorvete e se for de baunilha, me dá até medo. E eu aqui, ainda em pé me sentindo deitada sonhando acordada. O vento faz a porta fazer um barulho como aqueles de filmes de terror. A luz pisca 23 vezes (eu contei), mas estranho ainda, dia do meu aniversário. Mexo a cabeça para o lado do ruído, o pavor começa a me consumir porque vislumbro quatro das minhas dezenas de bonecos me olhando com desdém atrás do vão da porta. Pego a lanterna debaixo do travesseiro acendo, olho na estante para contar se todos meus bonecos estão ali. Tento andar, mas minhas pernas estão enroladas em um lençol com cores do arco-íris. Será que foram eles quem me enrolaram nisso? Socorro! Estou com vertigem, o lençol me deixou tonta... Será que a função o arco-íris é causar vertigem? Credo! Que sensação mais sem noção...as cores estão tomando conta do meu corpo. Devo estar parecendo aqueles pirulitos coloridos. Será que estou com os olhos abertos e o que estou vendo não passa de um sonho maluco? Coloco o dedo nos olhos e eles estão abertos. Fecho eles na marra. As pestanas brigam com meus dedos, mas acabo ganhando a luta. Credo, mesmo com os olhos fechados sinto os arranhões que as pestanas deixaram em meu dedo. Espera! Me deu vontade de abrir um olho só. Sei lá! Não sou médium, mas estou sentindo uma presença. Abro 3cm do olho esquerdo, reviro a pelota branca com preta conhecida como pupila só que ela virou para atrás da cabeça, só consigo ver meus neurônios que estão em polvorosa. Grito minha mãe, mas o grito fica dentro de mim, ecoando em todo o meu corpo. Sinto meu umbigo frouxo, como se quisesse deixar a função dele e abrir um vão no meu ser. Que coisa mais horrorosa o umbigo deixou de ser meu! Vejo aquela “lokinha” que antes deixava um furinho sexy na barriga partir sem dar adeus. Começo a chorar porque a parte que ligava eu e a mulher dos sorvetes de baunilha se fora. Descobri que eu não sou mais a mesma sem meu umbigo. Sou dezumbigada e por isso tudo o que foi escrito se foi por aquele vãozinho, hoje tapado por um ban aid do Mickey. Porque bem ali naquele “oquinho” era onde residia toda a minha magia.
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December 2019
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