<![CDATA[ANDREA ANDRADE - ESCRITORA - Blog]]>Fri, 26 Apr 2024 16:04:01 -0300Weebly<![CDATA[A morte de 2019]]>Mon, 30 Dec 2019 02:23:57 GMThttp://andreaandrade.com.br/blog/a-morte-de-2019É engraçado como as pessoas tratam a morte. Aliás elas não tratam. Não se fala dela.

Tabu, seria o sinônimo perfeito para a única certeza que temos na vida.

Ignorar, não deixa de existir.

Sempre gostei da tanatologia.

Minha mãe, ao começar a ler este texto, me chamará, tenho certeza, ela é como a maioria evita dialogar sobre este fim...(reticências porque acredito que há continuação)

A morte não me causa medo, pelo contrário me dá certa euforia, porque penso que em todo findar, final, término, existe a culminação de algo que precisa chegar ao fim para que possa “alçar voos mais distantes”.

Como se eu me graduasse na Escola da Vida para começar um doutorado em Outras Vidas.

Entretanto,  a morte de 2019 se aproxima e continuamos celebrando a vida...Isso quer dizer que  de maneira metafórica, mas nem por isso errônea comemoramos a morte sem darmos conta de que tudo termina, tudo morre, tudo transforma.

Está bem claro para mim que a morte não é o final de TUDO.  E isso é tão óbvio que vivemos o findar de cada dia, de cada ano, e não percebemos que mesmo morrendo dia a dia, ano a ano, a vida continua e nesse continuar somos transformáramos pelos obstáculos que surgem em nossa jornada.

No passar de instantes já não somos mais quem éramos...o eu de minutos atrás morreu, e o que estar aqui a “falar” também tem seus milésimos de segundos marcados para a morte...

Os momentos vividos hoje estarão mortos em 24 horas...

E assim sucessivamente. Morrer faz parte de Tudo. Está em tudo porque nada escapa da morte.

O casamento do fulano terminou. Porque não dizer o casamento deles morreu.?

Foi morto. Porque é lógico que o casal é cúmplice e são os principais culpados.

Então o certo seria, o casamento deles está morto.

Ou seja, viveu o que deveria ser vivido e quando chegou a hora, a gota d’água o matrimônio tão sonhado suspirou e deixou de existir.

O mundo a dois se transforma em um mundo ímpar onde cada um dos envolvidos busca nessa transformação novas “vidas”.

Talvez para a maioria a morte além de tabu seja um assunto mórbido. Tudo bem, troque a palavra morte por término?

Se para você fizer diferença...

Pode parecer que estou fazendo apologia para morte, e não é minha intenção.

Na realidade o que desejo é que as pessoas tratem a morte como “algo” que já ocorre em nossa rotina a todo milésimo de segundo. 

Mas, é lógico que compreendo que a morte de uma pessoa é com certeza uma transformação bem maior mesmo porque ainda não conseguimos enxergar o lado de lá.

E sendo assim para nós ela “deixou” de existir...

Na realidade, humanamente falando não a veremos mais com olhos, não sentiremos seus abraços, mas além dos sentidos humanos não podemos esquecer de que somos também espírito e será através dele que podemos “vislumbrar”, “tocar”, “alcançar” quem nos deixou.

Não daríamos valor a vida se pudéssemos está sempre em contato com quem já se foi.

O sofrimento ainda é preciso para que ocorra nosso amadurecimento e um dos maiores sofrimentos humanos é a perda.

É preciso sentir falta, ter saudade,  para que demos o valor no “presente”. Por isso que o agora é literalmente o “presente”.

A cada instante do agora temos sempre em nossas vidas um novo “presente”.

Talvez sejamos os seres mais “presenteados” que conheço.

Acredito que por ter essa consciência digamos que sem barreiras sobre a morte, sei o quanto é importante cada “agora” vivido.

Me sinto “presenteada” porque para mim o futuro é a atualização eterna do PRESENTE.

Por isso lhe desejo 365 “presentes”  bem-vividos e bem compartilhados para que sua “herança” sentimental seja um infinito de saudosas emoções.

Esteja no PRESENTE 2020!
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<![CDATA[Sobre caminhar]]>Mon, 04 Nov 2019 01:49:35 GMThttp://andreaandrade.com.br/blog/sobre-caminharDesde que comecei a caminhar foram poucos passos até os 5 anos, quando uma intervenção cirúrgica me deixou parada no “ponto”.
 
Ou seria nos pontos...
 
As reticências desde criança “caminham” comigo...
 
Depois da cirurgia TUDO relacionado ao meu “deambular” se resumiu nestes três simpáticos pontinhos...
 
Será que ela vai voltar a andar?
...
Já está sentindo as pernas?
...
Será que essa massagem vai mesmo reconstruir os músculos dela?
...
A fisioterapeuta Silvia (nunca esquecerei o nome dela) me fez reaprender a andar...
 
Comecei a engatinhar...
 
Andar com barras paralelas...
 
Subir e descer escadas...
 
6 meses se passaram...
 
Voltei a “caminhar” só que não do jeito tradicional...
 
Aos 8 anos minha mãe me colocou em outra fisioterapeuta, Marilda, uma senhora extrovertida, alegre que me deu exercícios para expandir minha capacidade pulmonar, pois os altíssimos graus de lordose, cifose e escoliose esmagaram meus órgãos, de modo que meu pulmão é menor do que o seu...
Para entender, quando dou um passo, uso TODAS as partes do meu corpo principalmente os braços e isso me deixa exaurida...
 
Com essa técnica dela eu andava e cansava menos...
 
Mas, Deus em sua infinita bondade colocou no meu “caminho” amigas que faziam de tudo para mim...
 
Chegava no colégio com minha mochila Sansonite daquelas de alça, sabe? E elas já me esperavam lá fora para carregá-la até a sala para mim...
 
Eu dava conta de carregar, mas confesso ter gostado dessa atenção que tinham comigo...
 
Hoje nos meus 45 anos percebo claramente que sou uma pessoa que nasceu para “chamar atenção” ou seja, uma criatura diferente, esquisita...
 
Calma! Não leve essa esquisitice para o lado triste da coisa.
 
O que quero dizer é que sou uma pessoa que AMA ser diferente e que acredita que essas “singularidades” fazem do meu “caminhar” um jeito charmoso e escalafobético de seguir pela vida...
 
E isso por mais estranho que pareça sempre atraiu para minha vida pessoas MARAVILHOSAS...
 
Na realidade me tornei um pouco de cada uma delas...
 
Ainda na minha infância tive uma inimiga das mais invejosas que conheci em toda minha existência...
 
Acho que ela pensava: como esse ser esquisito consegue tantas amigas?
 
Que Deus a tenha sempre longe de mim!
 
Amém!
 
Modéstia é algo que quase sempre fica a parte quando me refiro a primeira pessoa.
 
É que acredito que quando algo de bom e motivador surge em mim tenho obrigação de ressaltar e compartilhar.
 
Me considero uma vitrine viva para aqueles que precisam de incentivo...
 
Acredito que posso ser a “diferente” que fará a diferença na vida de alguém...
 
Quero inspirar as pessoas...
Que elas acreditem no poder que temos para reinventar a vida...
Que descubram que, assim como o He-Man, cada uma de nós possuímos muita força...
Que não deixem se abalar pelos obstáculos...
 
Se acharem que está difícil, usem “muletas”, incremente sua vida com facilitadores que façam seu “caminhar” ultrapassar barreiras...
 
É muito gratificante “vencer” as dificuldades, olhar para trás e conferir onde é que você chegou...
 
Eu ainda não cheguei!
 
Sou uma pessoa que me imponho “missões” algumas impossíveis, porque para mim o que mais IMPORTA é continuar aprimorando minha “caminhada” mesmo que esta seja um pouco “despingolada”...
 
Sempre que atinjo uma “meta” invento outra e assim vou transformando o meu ser mental e físico numa “fortaleza”, pois a cada “missão” cumprida, fico mais segura do que sou capaz...Do que posso fazer!
Gosto de mostrar ao meu físico que quem manda é a MINHA MENTE, o meu PENSAR...
 
Falam que não existe nada maior que AMOR de mãe não é, mas vou te dizer e vai soar presunçoso e não deixa ser, o poder do meu acreditar é tão certo, tão intenso que me atrevo a afirmar que o meu AMOR-PRÓPRIO cria ilusões tão reais que de tanto acreditar que sou capaz a ilusão passa a ser minha realidade.
 
Agradeço a Deus pois além de força de vontade, vim premiada com muita imaginação...
 
Sem ela minha vida seria um marasmo!
 
Preciso de imaginação para trazer mais VIDA ao meu “caminhar”.
 
 Para mim o que importa é como me imagino.
 
Na minha infância me via como uma das Panteras do seriado mais precisamente a Jaclyn Smith.
 
Talvez por ser a nossa brincadeira no recreio eu levei a sério e passei a acreditar que meu jeitinho para correr era o meio seguro de me manter longe do perigo e salvar minhas coleguinhas que não “corriam” como eu. Sim! Eu “corria” e muito, não como um ser humano normal corre...Corria de um modo “iDEIAL”...Ou seja num modus operandus só meu...
 
O tempo passou e percebi que a maneira como me vejo sugestiona as pessoas a me verem do mesmo jeito que imagino ser...
 
Não sei explicar, mas trago uma certeza do meu papel aqui nesta vida que mesmo nos meus mais tristes momentos, sempre busquei algo no meu imaginar que me fazia dar a volta por cima...
 
AMOR-PRÓPRIO pode ser maior que amor de mãe!
 
Muitos me rotulam como fria, mas a definição correta seria, sou consciente que sofrer faz parte da vida então busco na imaginação um meio para “caminhar” por esse sofrimento da melhor maneira que conseguir...
 
Não se iluda! Sofrer é viver, VENCER e RENASCER mais forte...
 
A morte de um ente querido é o mesmo que arrancar um pedaço da gente, nessa hora nossa mente não tem mesmo condição de ficar imaginando como sofrer menos, mas do pouco que tenho aprendido posso dizer que o ser humano é um ser que se acostuma com a rotina...
 
O cotidiano de não ver mais o “ente” parece “treinar” nossa mente e começamos a “aprender” a viver na ausência deles...
Viver então acaba sendo uma espera constante pela morte e o que você faz enquanto “espera” por ela...
 
Se vamos morrer então devemos continuar o “caminhar” com o que acreditarmos que irá nos ajudar nos percalços que nos esperam...
 
Todo carro tem estepe, se fura o pneu, paramos no meio do “caminho” para colocar o sobresselente...
 
Tenha o seu “estepe” para situações inesperadas, você irá sofrer para “trocar, vai chegar atrasada, mas vai continuar o seu “caminho” e o principal sairá confiante de si...
 
Situações inesperadas são formas de recebermos “premiações”...
 
Como, parabéns você passou para o próximo “nível”...tipo videogames quando passamos pelas fazes e ganhamos bônus e mais vidas por isso...
 
Deus, ainda me incrementou com um modo peculiar e positivo de “ “ver” minhas fraquezas como motivos para me tornar forte e melhor...
 
Juro para você que aprendi a cair!
 
Caí tantas vezes que me tornei exímia em chegar ao chão suavemente...
 
Não é aquela caída seca, é uma caída em câmera lenta...
 
Nem Bruce Lee caía como eu caio!
 
Aposto com você!
 
Os tropeções, os catar cavacos, os tombos e mais tombos me transformaram numa pessoa resiliente, engraçada e o principal, de bem com a vida...
 
Algumas pessoas me tacham de louca e talvez eu seja...
 
Talvez a loucura seja minha válvula de escape...
 
Teve um dia, foi há dois meses atrás, estava fazendo meu exercício de subir e descer a escada até complementar 40 minutos, quando a falta de harmonia entre o movimentar das muletas com as minhas pernas me fizeram catar uns 15 cavacos...
 
Consegui não cair, e me deu uma crise de risos, mas confesso que a adrenalina, mesmo numa pessoa como eu que não vive sem betabloqueador, correu acelerada pelo meu corpo...
 
Senti um ardor visceral assaltando minhas veias e o coração acelerou, tipo o Lewis Hamilton numa reta...
 
Descer e subir escadas exige de mim muito foco, porque preciso coordenar as muletas nos degraus antes das pernas...
 
Por isso é vital que esteja focada...
 
O manipular as muletas com os braços e meus pisar nos degraus precisam estar em perfeita sintonia...
 
E mais uma vez a modéstia, que sempre fica de lado entrou em ação porque nesse dia, pensei comigo, eu e Beethoven temos mais uma coisa em comum, eu com as muletas e ele com as batutas, ou você acha que coordenar muletas nos braços em sintonia com as pernas não possa ser considerado uma orquestra de movimentos?
 
Sei que deve estar se perguntando qual outra coisa em comum que tenho com Beethoven...
 
Apesar dele ser surdo conseguia ouvir músicas em sua mente e do mesmo modo eu que não sinto completamente o pé esquerdo consigo fazer estripulias não somente com ele, mas com todo meu corpo, pois sendo repetitiva, porque quero que grave isso em sua recordação, A MINHA MENTE É SUPREMA AO MEU CORPO!
 
Ainda falando de Beethoven, existe algo mais que me deixa fascinada pela sua genialidade, a Nona Sinfonia.
 
Como é que este maestro de uma genialidade fenomenal sem poder ouvir o que toca, “toca” tanto o meu coração?
 
Acredito que sua imaginação lhe dê “melodias” em forma de emoção...
 
Seu imaginar é tão divinamente infinito que o que ele sente quando imagina “música”, torna-se uma orquestra para os “sentidos”...
 
Ode of Joy ou Nona Sinfonia deixa claro que sua “deficiência” foi o meio para alcançar a excelência em todos os “sentidos”.
 
Compreende onde quero chegar?
 
Não importa se meu “caminhar” é diferente, singular, esquisito, escalafobético, mas, sim o que faço dele para me “aprimorar”.
 
Peço a você que não pare seu “caminho”! 
 
Dificuldades sempre existirão, porém, o poder do seu querer é capaz te levar muito além...
 
E se precisar de mais motivação pode me chamar, colocamos a Nona Sinfonia, deixo uma muleta de lado, seguro em seu braço e vamos juntas em um só “caminhar” até que a alegria em nossos corações possa de vez ficar...
 

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<![CDATA[Uma carta aberta para você]]>Mon, 21 Oct 2019 18:53:31 GMThttp://andreaandrade.com.br/blog/uma-carta-aberta-para-voceQueria te mandar uma mensagem falando que preciso de seu abraço, mas lembrei que me havia falado que a vida que escolheu te obrigou a afastar das pessoas que amava.

Era apenas um abraço...

Não precisaria durar nem 20 segundos...

Só queria sentir o seu coração sobre o meu...

Será que ainda “tocam” as mesmas “notas”?

Notas melancólicas que invocavam o que não pode ser vivido...

Outro dia, ouvindo A Viagem, da cantora Maysa, música que você adorava, entendi que dos mais de 20 anos de convivência, eu e você não passamos de versos de uma poesia repleta de rimas inacabadas.

Nosso amor é aquele que só traz dor...

Dói não poder viver o que sentimos...

Mãos que viviam entrelaçadas, e algumas trocas fortuitas de beijos no rosto e no pescoço mantinham o que sentíamos com tanta intensidade que eu conseguia nesses momentos me esquecer de mim pois tudo o que aquecia minhas emoções era você.

Mas, eram nos abraços que confirmava o ritmo perfeito de nossos corações.

Eu te amo, nunca precisou ser dito porque a prova maior e mais sublime que já presenciei foi que nossos corações soavam como um só .

Ali naquele abraço senti que o amor é muito mais profundo do que carícias sensuais.

Fazíamos amor só nos abraçando...

E agora, depois de tantos momentos que se eternizaram no meu ser e da “barreira” que ficou entre nós, busco nas palavras o fôlego que sempre desejei que surgisse entre nossos beijos.

Tivemos que aprender a nos beijar pela maneira como nos olhávamos.

Olhares que suplicavam em silêncio o anseio das bocas se roçarem.

Algumas vezes lágrimas escorriam por nossas faces como se pudessem levar um pouco de alento aos lábios sedentos de amor.

Tentava disfarçar meu olhar para você quando estávamos no meio de outras pessoas pois tinha certeza de que ele seria um grande revelador.. .

E você fazia a mesma coisa...

Sinto que ainda nos amamos em completo silêncio...

Somente em meus sonhos te tenho por completo e uso a terceira pessoa no presente em alto e bom som...

Comecei então a dar valor no meu sonhar porque era nele que podíamos viver a nossa “estória”...

Um livro passado em meus sonhos “nasceu” provando que a nossa estória mesmo em silêncio vive em “algum lugar...a editar.
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<![CDATA[Você vai morrer]]>Sun, 04 Aug 2019 17:29:49 GMThttp://andreaandrade.com.br/blog/voce-vai-morrerMAS, ainda terá uma vida pela frente. Cabe decidir de que modo pretende aproveita-la.
 
Como bem disseram os escritores Francesc Miralles e Héctor Garcia, o que importa não é quantos dias viveremos mais, mas o que faremos com o tempo que nos resta.
 
Quando somos crianças não conseguimos entender ao certo o que é viver, imagine morrer.
 
Lembro-me que minhas únicas preocupações até os 8 anos eram:
-Conhecer o papai Noel
-Ver o coelhinho da Páscoa escondendo os ovos
-Tirar o colete da coluna
-Capturar o monstro de sangue nas brincadeiras do recreio
-Jogar queimada e não ser queimada
-Fazer uma casa na árvore, não em cima dela, mas debaixo de sua copa
 
Esta última preocupação era sazonal. Voltava todas as férias quando ia para fazenda.
 
Minha companheira de construções arbóreas, Renata, que já não faz mais parte dessa vida, sempre me ajudava a elaborar a tão almejada CASA que possuía um telhado não muito seguro por ser de folha de bananeira, mas que aguentava uma “garoinha”.
 
Quando a intensidade da água aumentava rezávamos para que as folhas aguentassem até a passagem da tormenta.
 
E se acontecia da chuva passar sem o “telhado” desabar poderia afirmar que este feito era a minha definição de felicidade.
 
É tão fácil encontrar a felicidade nas pequenas coisas, mas a idade, o ser adulto muitas vezes se deixa “levar” por quereres de “bem” maior. Se é que me entende.
 
Outro dia quando descia do carro uma borboleta preta com detalhes em alaranjado e amarelo posou na porta e instintivamente sorri ao ver sua beleza. 
Disse, falando alto:
-Que coisa mais linda!
 
Ela bateu duas vezes as asas e voou. 
 
Parece que estava esperando um elogio. Pensei comigo, ela me trouxe um sorriso espontâneo com “notas” de felicidade e em troca queria um elogio.
 
A vida era para ser uma simbiose. 
Se te faço sorrir porque não sorri de volta?
 
Hoje, beirando meio século de idade, consigo perceber claramente que somos como cartões de crédito, temos nossos limites, data de vencimento, melhor dia de “compra”, e até acumulamos bônus.
 
Então para quê “gastar” seu saldo gerando dissabores, amargura ou o pior, deixando alguém triste por algo que falou.
 
Você gera “débitos” e ainda corre o risco de ter seu “limite” bloqueado.
 
Empreenda seus “créditos”!
Ajude! Acumule “bônus”!
 
Deseje um bom dia para alguém que passa por você  com o semblante tristonho. 
 
Nessa era de redes sociais é fácil distribuir sorrisos, curta os posts de seus amigos, das pessoas que segue.
 
Faz bem para o ego receber uma curtida, um comentário. E esta ação tão banal que está bem na ponta de seus dedos desencadeia uma “onda” de bem estar.
 
No mundo atual onde ninguém tem tempo para nada, uma coisa é certa, todos entram no Instagram e Facebook então essas ferramentas podem suavizar o dia de uma pessoa que está triste. 
 
Dê um Like e saiba que recebeu um SORRISO.
 
Eu vou morrer e você também!
 
Vamos “curtir a vida alheia de modo que as pessoas saibam que nos importamos com elas mesmo estando distantes.
 
Mande um “Espero que tenha um ótimo dia” no WhatsApp.
 
Tente buscar e dar felicidade assim como a borboleta fez comigo.Como se fosse algo natural e que deveria ser. 
 
Se provoco sorriso estou tecendo uma “rede” de sorrisos e se você fica um pouquinho mais feliz você me torna enormemente feliz.
 
É tão fácil que achamos difícil, pois ainda estamos em processo de evolução e com isso tendemos a não dar valor a simplicidade. 
 
Escolhemos inconscientemente pelo “difícil”, porque, o ser humano ainda não consegue viver em plena harmonia.
 
Acredito que a paz ainda  “incomoda” porque não sabemos lidar com a completa ausência de problemas, conflitos é como se precisássemos do sofrimento para entender a o que seja paz.
 
Isso me faz refletir,  seria a vida(sofrimento) o meio para conseguirmos atingir a paz(morte)?

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<![CDATA[A EXquisita]]>Tue, 02 Apr 2019 22:16:12 GMThttp://andreaandrade.com.br/blog/a-exquisitaGente “EXquisita”parece que vem com um imã pregado nas costas pois é cada Deus me Livre que surge na minha vida que antes de sair de casa faço o credo 45 vezes e rezo o versículo 7 do salmo 91:
 
 Mil cairão ao seu lado e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
 
O pior é que ainda chega!
 
Desde de que minha mãe me contou sobre todo o processo do meu nascimento eu já soube, sou definitivamente “EXquisita”.
 
Daí para a frente a coisa literalmente desandou. 
 
Vários episódios escalafobéticos surgiram em minha vida.
 
Primeiro, a menina veio faltando três vértebras. Quem você conhece que veio também com débito vertebral???
 
Pesquisei e só conheço eu! Coisa mais estranha!  
 
O médico que me operou aos 5 anos acha provável que quando fiquei na incubadora peguei uma infeção que destruiu 3 vértebras. Ok!
 
Porque 3 e não 2 ou 1 ou nenhuma?
 
Porque 1 é pouco, 2 é bom, agora 3 é demais!
 
Entendeu a lógica! “EXquisita” demais!
 
A menina operou. O pós-operatório foi lindo!
 
Usei gesso do pescoço aos pés o que ocasionou numa piniqueira daquelas. Pinicava tanto que mesmo não querendo eu andava meio de esgueio, sabe?
 
Depois comecei a usar um colete de couro e ferro que era apertado com chave de fenda todas as quintas-feiras pela manhã.
 
Fui o sinônimo perfeito do anti-herói. 
 
A menina de ferro acreditava que aquela geringonça que mais parecia uma prisão era uma veste que tinha poderes.
 
Gente “EXquisita” é assim, acredita que é especial.
 
Imagina se fosse uma prisão... Como conseguiria fugir de mim mesma? 
 
Tipo, tiro o colete e saio correndo...
 
Que pessoa normal pensaria numa sandice ridícula dessas? 
 
Tá vendo como é um efeito dominó que mesmo depois de todas as peças caírem elas levantam de novo e ficam num loop infinito...
 
Gente “EXquisita” tem um QUÊ de loucura! 
 
Nas visitas que fazia aos meus avós paternos tinha sempre um homem doido que ficava lá na rua.
 
Como um maltrapilho e segurando um saco velho sempre que me via gritava do outro lado da rua:
-Vem cá para eu te colocar dentro do saco!
 
Comecei a ter suadeira toda vez que ia nos meus avós.
 
Cheguei a ir disfarçada de Batgirl, mas não adiantou. Ele me reconheceu.
 
Eu podia estar com minha irmã, meus primos, amigas que ele sempre apontava o dedo para mim, me convidando para dar um passeio no saco dele.
 
Deus me Livre!
Olha, não é fácil não!
E o povo ainda quer que eu seja normal. Agora eu pergunto como?
 
Segundo, a hipocondria veio na infância quando minha irmã ficou doente por 11 anos.
 
Anram...
 
Quando ia visitá-la me vestiam até a cabeça. 
 
Aqui, e os remédios gigantes que tive que tomar para não pegar o que ela tinha, heim?
 
Teve um episódio que minha madrinha ficou rodando a mesa atrás de mim porque eu não conseguia engolir uma pílula gigante. Só de lembrar agora já fico com cafubira.
 
Tem como ser normal?
 
Aqui, e as noites que minha mãe acordava e me deixava com os vizinhos porque minha irmã tinha piorado?
 
Minha “EXquisitice” estava sendo incrementada de modo acelerado.
 
Depois de 11 anos minha irmã milagrosamente curou. Até os médicos disseram que foi milagre. Ela parou de tomar remédios e euzinha doida da Silva continuei...
 
 Terceiro, minha mãe contribuiu na minha “EXquisitice”. 
 
Já falei sobre isso, mas como virou trauma vou falar de novo. Que mãe em sã consciência com uma filha birutex de 7 anos leva para assistir ao filme ET?
 
Se você fosse minha mãe, me levaria também? Pense duas vezes antes de responder. 
 
-Vamos Andrea! Suas amigas estão indo! O filme é lindo! Mamãe vai comprar pipoca e Guarapan.
 
Blá, blá, blá
 
Fui né! Quem que com 7 anos tem autoridade? 
 
Fui uma Andrea e voltei só An, porque a Drea ficou perdida no pavor que tive ao ver aquele monstrengo pescoçudo de peruca loira dentro do armário, falando com a voz esganiçada: ET! Telefone! Minha casa!
 
Sabe quando o ET começa com aquele andazinho rápido, como se estivesse no mesmo ritmo do tic tac do relógio, uma cena muito medonha. Foi nela que massaroquei a pipoca todinha.
 
Esse filme não é de Deus não! Nem Brinquedo Assasino me deu tanto medo.
 
Como toda ação tem consequências! A da minha mãe foi ter que dormir comigo durante um bom tempo porque eu tinha certeza. Tipo certeza absolutíssima que o ET durante a noite ficava no meu armário.
 
Fora as vezes que o telefone tocava e meu coração parecia sair pelo intestino de pânico de ser ele, E.T Minha casa, telefone.
 
A idade foi passando e a “EXquisitice” aumentando de modo refinado.
 
A minha teve um upgrade de TOC’s me fazendo deixar as chaves das portas sempre no sentido horizontal e quando não ficava eu tirava da porta.  
 
Abria e fechava a porta duas vezes. Não sei o porquê, mas para gente “EXquisita” número par é do bem.
 
Ainda reflito se Deus fez o mundo em 7 dias mesmo. Porque ele faria o mundo em número ímpar?
 
No jogo do bicho o número 7 é carneiro. Então dá para entender que ELE é o nosso pastor. 
 
Viajo demais! Até eu me assusto comigo. 
 
E “tamos” ai tunada num betabloqueador dos bons, um escitalopram poderoso, e uma pregabalina de dar inveja.
 
Vez ou outra tomo um ácido acetilsalicílico para diminuir a gordura nas coronárias.
 
Ando devagar porque não sei caminhar de pressa e levo esse sorriso porque sou “EXquisita” demais.

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<![CDATA[Altera Bonder]]>Mon, 28 Jan 2019 18:21:32 GMThttp://andreaandrade.com.br/blog/altera-bonderIntrodução
 
Com a vida mais parecendo um labirinto onde várias saídas dão nas mesmas entradas, onde o preço do leitão já não é mais o mesmo, onde o pão nosso de cada dia está quase se tornando o pão nosso de cada mês, imagine para quem precisa de umas conversas com psicólogo, no caso eu.

Seria o décimo pecado capital nas conjunturas desconjuntadas de um cotidiano ensandecido.  
Como a atual situação é conter para não enlouquecer, resolvi que para minha sanidade mental ter uma conversa comigo não sendo “migo”, mas uma terceira pessoa seria um tratamento muito eficaz.
Pelo menos é o que espero!

 
A Descoberta
 
Adentrando mata a dentro a procura da vovozinha de chapeuzinho vermelho que ao meu ver tinha uma queda por lobisomens descobri que nosso cérebro é uma alcateia perfeita para elucubrar paranoias, loucuras e sabe-se lá mais o que.

São cinco lobos dentre as partes de nossa massa cinzenta, que também poderia ser de outra cor.  Que “corzinha” mais sem cor!

Conheci Altera numa noite de lua cheia quando ouvi um uivo vindo dentro de minha própria cabeça.

Pensei, são meus lobos! E uma vozinha lá no fundo respondeu:
- E eles estão famintos!

Uma volúpia arrepiante, se é que existe, tomou conta do meu ser e do que ainda não chegou a ser. Senti meus cabelos decolarem como Apollo quando encheu o rabo de fogo subindo em direção ao espaço.

Olhei ao meu redor, mas não havia nada, somente meu ursinho com os dentes para fora que parecia caçoar de mim. Foi então que fechei os olhos.

Precisava dar uma espiadela dentro de mim, mas ao fechá-los tudo ficou escuro, lógico. Tentei um mindfulness mas para alguém como eu a atenção estava voltada não para o presente e sim para o passado recente. Minha atenção plena estava na voz que ouvira.

- Não sou Deus, mas sou onipresente! – Disse a vozinha macambuzia

Suar frio era apelido, eu suava nevando de tanto medo e geralmente quando me sinto assim, faço coco nas calças. Pronto! Para um escritor de prontidão, A Menina Cagona seria um título que eu pelo menos compraria.

- Quem é você? – Perguntei com uma voz esganiçada

Uma risada avacalhada e maquiavélica retumbou sob minha epiderme. Meus poros epiteliais ficaram tão inchados que se alguém precisasse de um ralador de queijo bastava passar o queijo em mim. Fui correndo, não correndo de modo normal.

No meu estilo, gingado que nem um bêbado cambaleia ao ver mais bebida a sua frente ou quando o bebê começa a andar com os braços abertos gungunando Gugu Dada.

Cheguei em frente ao espelho. Precisava me olhar nos olhos. Quase caí de costas ao me ver. O pânico era tanto que minhas sobrancelhas arquearam e assim ficaram. As ventas do meu nariz abriram tanto que dava para sentir a corrente de ar entre a narina e as orelhas. Os lábios estavam para o lado esquerdo, até eles estavam com o “coração na boca”. As pupilas completamente vidradas como se eu tivesse comido um pé de maconha.

- O que está acontecendo comigo?

- Largue de ser cagona e alimente seus lobos!

- Quem é você? Porque está fazendo isso comigo?

- Bonder, Altera Bonder!

 
As Missões
 
Sabe o que é ter duas pessoas habitando o mesmo corpo? Eu também não sabia até conhecer Altera.

Seu papo foi reto: Alimente seus lobos ou eles te engolirão.         

Passei a noite toda tentando pensar no que Altera me disse, mas não tinha jeito, ela sempre se intrometia.

- Lobos não dormem a noite por isso levante e anote o que irei te falar.

Levantei, acendi a luz pendurada sobre a parede onde fica minha cama, peguei o laptop e comecei a digitar.

“Teremos cinco missões, escolher, fornecer, adestrar, adequar e soltar. É o que chamo de Projeto EFAS. ”
- Dá para falar mais devagar?

- Dá para digitar mais depressa?

Tentei ser mais rápida porque era visível que ela mandava em mim. Logo eu que nunca gostei de mandos nem desmandos.

- Por que resolveu me ajudar?

- Porque estou pagando penitência! Agora pare de conversinha e continue focada no que estou falando.


Primeira Missão

É a principal e a mais “apetitosa”.  Nela você terá que escolher o “alimento” ideal para seus “lobos”. Nem me venha com a ideia de dar ração. Ração é para bichinhos. Tudo que termina em “inho” como por exemplo pintinho, porquinho, cavalinho, patinho são animais aptos a esta gororoba. Lobos gostam de um menu “a lá carte” com muita fartura.

Coloquei meu dedo indicador em riste como se Altera pudesse ver que eu gostaria de fazer uma pergunta. Me senti tão ridícula, mas tão ridícula que me deu uma crise de risos misturada com choro que acabou virando um soluço onde a cada soluçada eu digitavaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, tipo assim.

- Fale logo!

- São todos lobos adultos? E se tiver algum lobinho?

- Vou desistir de você! Que pergunta mais estúpida.

- Me desculpe! Não se altere!

- Por um acaso está tirando sarro da minha cara?

- Me expressei mal.

Altera ficou em silêncio por vários minutos. Enquanto isso eu tentava melhorar meu soluço. Tomei dez goles de água sem respirar. Não deu certo. Aumentei para vinte. A coisa piorou. Arredondei para cinquenta e no trigésimo terceiro gole já não aguentava mais. Minha barriga virou um caminhão pipa.

Pelo visto a vida que minha mãe me deu depois de um parto, chamaram de parto porque os médicos ainda não possuem um termo para definir meu nascimento, foi roubada por essa Altera com complexo de Mogli, O menino lobo. Se bem que o Mogli no caso seria eu.

A mesma gargalhada cheia de petulância e maldade ecoou não só no quarto mas na casa inteira que chegou a tremer.

- Falta é muito para você ser considerada Menina Loba!

- Como sabe o que pensei?

- Você ainda não entendeu a definição de onipresença e também não quero perder meu precioso tempo explicando o óbvio não.
           
 
Segunda Missão

Altera começou o ditado:
Fornecer é um verbo bitransitivo isso quer dizer que ele pode ser compreendido de várias maneiras.

Mas como a aspirante de Mogli tem dificuldade para entender as coisas basta saber que você precisa dar o “alimento”. Não adianta pegar a “comida” e colocar na “tigela”. Bons modos são sempre bem-vindos.

Imagine que foi convidada a uma festa e os garçons ao invés de servirem cada convidado, jogam a comida para o alto, tacam no chão, quem quiser que pegue. As pessoas se atirarão umas às outras tentando pegar as guloseimas o que acabará causando brigas. Educação é a base do progresso. Não queremos que nossos “lobos” se engalfinhem.

A parenta de Deus deu uma pausa e indagou:

- Ficou claro?

- Apesar de estar de noite ficou.

- Quer dizer que agora vai dar uma de engraçada, é isso?

- Não! Estava apenas quebrando o “gelo” entre nós.

- Se continuar com gracinhas vou ter que quebrar outra coisa.

Vinte e três segundos se passaram até Altera quebrar o mini voto de silêncio. Que personalidade difícil. Nem Freud conseguiria conter essas alterações de humor.  Vai ver que por isso que ela se chama Altera.

- Clap! Clap! Clap! A vovó Mafalda foi e deixou a neta para eu cuidar.

Fiz de conta que não ouvi porque não estou afim de discutir com divindades.

 
Terceira Missão

Escorei no braço na cadeira e deixei a cabeça cair sobre minha mão direita. Me sentia como se estivesse voltado ao pré-primário onde a tia Alice lia uma cartilha bocozinha, tipo, “Aí a ovelhinha comeu a graminha verdinha e saltitava de um lado para outro fazendo mé, mé, mé...”

 Mérddaaaaa!

Estou me sentindo um fio do rabo do cavalo que fica grudado nas pregas ancudas sem jeito de sair para fora. Eu sei que o que disse foi redundância mas acredite, minha existência é um culminado de redundâncias paradoxais.

- Está pensando na ovelhinha ainda?

Fiquei em silêncio e a aspirante a santa das bocós injuriadas iniciou a terceira missão:
Adestrar é preparar, mas não como sua tia Alice no país das ovelhinhas. Toda pessoa que usa muito “inho” e “inha” em seus diálogos não são de confiança.  Você é prova em conteste disso! Virou uma bocozinha do mesmo modinho que sua titiazinha Alice.

Fico aqui imaginando como é que foi a criação de sua mãe na sua deformação. Aposto que te chamava de apelidinhos horrendos, bonequinha, docinho, amorzinho, fofurinha...

O pior deles é bebezinha, porque bebê já traz embutido os “inhos” ridículos. Daí a pessoa achando pouco ainda “enfia” um diminutivo daqueles que dá até bicho de pé em pé de mesa.

Para que os “lobos” possam te obedecer é preciso conduzi-los de forma correta pois ao terem saciado a fome, estarão aptos a te “seguir”.

- Dúvidas?

Mexi a cabeça para esquerda e para direita em resposta.

- Quem fica muda é planta!

Altera soltou um uivo misturado com risos frenéticos que me fez fazer o credo e por estranho que possa parecer comecei a rebolar e cantar como Ney Matogrosso:

“Nunca vi rastro de cobra

Nem couro de lobisomem

Se correr o bicho pega

Se ficar o bicho come

Porque eu quero que ela some (essa parte é minha) ”

Requebrava só para direita porque sou destra corporalmente falando. A música se infestou até na minha alma. Tentava parar, mas a danada da cantiga impregnou em minha mente.

“Porque eu quero que ela some

Porque eu quero que ela some

Porque eu quero que ela some”

- Como eu queria ser o Abelardo Barbosa e mandar um bacalhau bem no meio da sua testa. – Exclamou Altera, alterada.
 

Quarta Missão

Abri a gaveta onde guardo meus remédios e peguei um miorrelaxante. Dei um jeito no meu esqueleto. Sabe quando parece que a nuca virou para frente? Que parece que estamos andando para a frente, mas na realidade damos passos para trás? Virei isso depois do requebra, requebra.

Tenho certeza que foi olho gordo daquelazinha. Mulherzinha invejosa. Percebi que ela não gosta de felicidade. Parece mais um milk-shake de jiló com gotas intensas de dipirona com calda de boldo selvagem.

- Saiba que os remédios amargos são os melhores! Por isso não ligo para suas lamúrias descabidas.

Ela não dava pausa! As pontas dos meus dedos estavam arroxeadas de tanto digitar depressa. O polegar estava até com bolha. Pensei em trocar ele pelo mindinho, mas a coisa piorou. Além de ficar mais lenta para digitar, tentava mirar uma letra para mas quem disse que acertava. Era para digitar o R e o desgramado digitava Y.

Altera percebeu a mudança dos dedos e fez questão de acelerar o ditado:
Adequar nada mais é do que saber o quanto de “sal” usar ao fazer um arroz. Pelo amor de Deus é melhor faltar “sal” do que temperar demais pois se salgar demais terá que jogar o arroz fora ou seja as missões anteriores terão que ser refeitas.

- E se por um acaso eu não gostar de colocar “temperos” no meu “arroz”?

- Terá que começar a temperar. Não existem ajustes sem medidas e vice-versa. Deu para entender?

Se respondesse que não o pau ia comer então achei sensato não discutir. Duvido que existam pessoas que não “temperam arroz” e nem por isso deixam de comer.

- Como você é tola! Eu sei o que pensou no segundo passado. Quantas vezes terei que dizer que eu sei de tudo que se passa nessa sua “cabaça” porque aí dentro não tem nada além de um vazio ridículo. Pessoas que se alimentam sem o mínimo de “tempero” não sabem a falta de uma “pimenta no rabo”.
 

Quinta Missão

Minha digitação virou um batuque enfadonho de tec, tec, tec, tecs... A divina sabedoria falava sem mesmo respirar direito. Imagine o Galvão Bueno narrando o final de uma copa com vontade de fazer o número dois. Tipo sentindo que iria cagar nas calças ele começa a atropelar as palavras achando que com isso poderá ir ao banheiro mais rápido.

Assim foi com ela:
A última missão poderia nem existir pois é uma soma eficaz das quatro anteriores, mas achei melhor incluí-la para as desavisadas como você. Se fosse outra pessoa bastava apenas tirar as “coleiras” dos “lobos”, porém, contudo, todavia, entretanto o ser que estou tentando doutrinar é desprovido de encéfalo.

Sendo assim antes de deixa-los ir é preciso averiguar se estão prontos para serem soltos.

- Como faço isso?

- Que milagre! Uma pergunta inteligente.

Altera raspou a garganta e continuou:
Solte um lobo. Veja a reação dele. Se sair feito um bode velho no cio atrás de um bando de cabra então algo deu chabu. Nem tente chamá-lo de diminutivos. Eles odeiam predicados que apequenam o poderio feroz deles.

- O que eu faço com os outros?

- Solte outro...

- E se todos saírem como um bode velho no cio?

- Vá berrando atrás deles! Faça a vez das “cabras”. Béeeeeeeeeeeeee!!! - Gargalhou Altera

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<![CDATA[Pensar não basta para existir]]>Sat, 27 Oct 2018 19:19:47 GMThttp://andreaandrade.com.br/blog/pensar-nao-basta-para-existir
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Sinto, logo desaguo num mar de reflexões que me fazem crer que pensar não basta para existir.

Pensadores que guardam para si todo aparato não só intelectual, mas de sensações que lhe acometem não podem ser prova inconteste de que um dia existiram.

Mais do que qualquer empirismo o meu saber vem de sensações, de emoções causadas ao apreciar um céu azul, ou sentir as gotas das ondas que rebatem na praia, ou até mesmo perceber que o beija-flor bate mais rapidamente as asas quando está a experimentar uma flor.

Na obra Metafísica de Aristóteles ele diz: Quem ama os mitos, é de certa maneira filósofo, porque o mito resulta do maravilhoso.

E realmente é um delírio extremamente extasiante!

Trabalhar a consciência de modo que possamos elaborar teorias sem teor lógico pode parecer insensatez, mas é divinamente prazeroso.

Sem a razão o que unicamente experimentamos é a emoção.

O ato de pensar não é suficiente para que o outro saiba que você realmente “experenciou” algo.
É preciso primeiramente sentir para que se possa então refletir.

Um sentir aguçado daqueles que te levam ao patamar da inquietude que beira algumas vezes a insanidade que por ora denomino de misticismo.

Para exemplificar citarei São Tomás de Aquino que se deparou com Jesus, mas que creditou essa aparição física, olho no olho, como simples demais em relação ao que antes experimentara misticamente.

Isso porque a imaginação vem impregnada de magia, de um cenário onírico repleto de epopeias o que dificulta sentir algo parecido quando se está de “olhos abertos”.

São sensações lapidadas que ditam poeticamente um conhecimento personalizado não só das causas, mas principalmente das origens emocionais que se iniciam em cada ser humano.

Porque só os que dizem as causas de cada coisa, é que ensinam, dizia ainda Aristóteles na obra já acima citada.

Ora, fica nítido de que em nossas emoções o sentir é sabedor das causas e sendo assim os obstáculos e prazeres podem ser compreendidos pois sabemos de onde vieram.

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<![CDATA[Pensar é saber dispensar]]>Sat, 27 Oct 2018 19:11:12 GMThttp://andreaandrade.com.br/blog/pensar-e-saber-dispensar
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Imagem: Pixabay
Os pensamentos vêm e vão, assim como as ondas que tocam a areia e voltam para seu habitat natural.
Alguns demoram a voltar para o mar, já outros chegam e parecem ancorar, sem nenhum prognóstico de sair de nossa mente.

Reter ou tornar um hábito o modo como pensamos, que denomino âncoras, fica recorrente e é algo que, aos poucos, drena nossa energia vital.

Pensamentos foram feitos para serem pensados e “dispensados”, se me permite o jogo de palavras. Parece até redundância e é, mas o que quer que deseje “morar” em sua mente, ao invés de “hóspede”, passa a ser intruso.

Como uma pessoa que você convida para passar férias em sua casa e depois do tempo estipulado, sem lhe pedir permissão, passa a morar com você.

Sem jeito de mandar o “convidado” ir embora, tentamos fazê-lo perceber que temos nossos afazeres e que não podemos “sustentar alguém” usufruindo da nossa “vida”.

O tempo passa e o “convidado”, mesmo desconfiado de que não é bem-vindo, insiste em ficar.

Pensar é saber dispensar. Não se deixe à mercê de pensamentos negativos!

Os pensamentos vêm e vão, assim como as ondas que tocam a areia e voltam para seu habitat natural.
Alguns demoram a voltar para o mar, já outros chegam e parecem ancorar, sem nenhum prognóstico de sair de nossa mente.

Reter ou tornar um hábito o modo como pensamos, que denomino âncoras, fica recorrente e é algo que, aos poucos, drena nossa energia vital.

Pensamentos foram feitos para serem pensados e “dispensados”, se me permite o jogo de palavras. Parece até redundância e é, mas o que quer que deseje “morar” em sua mente, ao invés de “hóspede”, passa a ser intruso.

Como uma pessoa que você convida para passar férias em sua casa e depois do tempo estipulado, sem lhe pedir permissão, passa a morar com você.

Sem jeito de mandar o “convidado” ir embora, tentamos fazê-lo perceber que temos nossos afazeres e que não podemos “sustentar alguém” usufruindo da nossa “vida”.

O tempo passa e o “convidado”, mesmo desconfiado de que não é bem-vindo, insiste em ficar.

Pensamentos âncoras são assim! Se você não os “manda” embora, eles ficam.

É muito cômodo “deixar tudo” como está” porque toda mudança exige de você um novo padrão de atitudes. Uma nova maneira de pensar.

Como adquirir o hábito de ter pensamentos sadios?

Tenho por prática imaginar uma lousa, onde tudo o que não quero pensar está ali escrito. Em minhas mãos seguro um apagador e o passo sobre todos os pensamentos e visualizo desaparecerem cada um deles. Utilizo este método até que não retornem mais. Como disse anteriormente, é uma prática que pode demandar algum tempo.

Não se deixe à mercê desses pensamentos! Você pode se tornar refém deles.

Lembre-se sempre de que pensar é saber “dispensar”!
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<![CDATA[E você, como definiria o que é real?]]>Sat, 27 Oct 2018 19:04:36 GMThttp://andreaandrade.com.br/blog/e-voce-como-definiria-o-que-e-real
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Imagem: Pixabay
Indagaram-se que vivemos a realidade quase sempre fugindo dela?

Livros, filmes, novelas, séries, bebidas alcoólicas, jogos e mais uma infinidade de opções que nos convida a imergir em “mundos” fora da realidade descortinam cenários atraentes que a cada dia nos “consome” da mesma maneira que olhamos um panfleto de um cenário paradisíaco numa agência de turismo.

Desde pequenos, nossas mães contam estórias para nos embalar em um sonho tão atrativo que a realidade passa a desaparecer em minutos.

Então, o que é real?

Diria que tudo o que provoca emoção, que altera nossa percepção do sentir é real.

Crescemos e tomamos consciência de que a realidade é, na “realidade”, um portal para várias realidades.

Eu por exemplo, preciso de outras realidades para que meu “viver” seja mais intenso. Não conseguiria viver sem escrever! É preciso certa petulância para “criar” um universo só seu, no meu caso a escrita.

Quando começo um enredo, posso dizer, sem erro algum, de que a realidade onde “brinco” de ser Deus pode ser o que você quiser.

Já criei mundos alternativos, oníricos, sedutores, de modo que meu menu imaginativo, modéstia parte, é bem mais prazeroso do que essa mera realidade onde, desculpem-me pelo que vou dizer, não passa de um engodo para os que não conseguem “embarcar” para ilhas, montanhas, desertos onde Alladin é o piloto número um na corrida de tapetes voadores.

Mas o mais intrigante é que, o que ainda não foi imaginado, existe e ainda vaga por um labirinto eterno de realidades esperando para ser “fisgado” e compartilhado com outras pessoas.

Essa percepção que aflora os sentidos de maneira tão vívida que quando conseguimos finalmente “capturar” o “peixe” que nunca pescamos antes, damos o nome de inspiração.

Trazer para dentro de si mais criatividade, imaginação aguçada, sendo capaz de realizar, ou seja, tornar real a realidade sentida por você.

E você, como definiria o que é real?

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<![CDATA[Sempre acreditei na magia do Universo]]>Sat, 27 Oct 2018 18:44:34 GMThttp://andreaandrade.com.br/blog/sempre-acreditei-na-magia-do-universo
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Imagem: Pixabay
Sempre acreditei na magia do Universo, de como ele traça caminhos, algumas vezes difíceis outros fáceis demais, mas sempre mantendo uma chama mágica em tudo o que passamos.

Talvez, por ser uma sonhadora nata que vive muito mais a realidade onírica do que a desperta, eu consiga sentir o poder invisível da fantasia sempre me rodear.

Os psicólogos diriam: Andrea, você usa essa realidade como válvula de escape, é preciso ficar mais com os “pés no chão”.

Eu responderia: O problema é que não são somente os “pés”…

Não estou ligando se é ou deixa de ser válvula de escape, simplesmente amo viver no “mundo da lua”.
Estar sempre “flutuando” entre o “lá” e o “cá” me possibilita desfrutar de encontros que me fazem dizer, mesmo estando acordada, será que não estou sonhando?!

Como é gostosa a sensação de nunca saber a resposta para essa questão. Na verdade, ela não precisa ser respondida.

Desejo apenas aproveitar esse sentir que pode ser comparado com a primeira mordida em um cupcacke de brigadeiro. Daquelas mordidas que deixam os lábios cheios de chocolate.

Sinto que até minha alma saltita de alegria, como se ela pudesse sair de mim e comer ao meu lado o restante do cupcacke e falar: Que delícia!

Sou assim! Uma sonhadora, daquelas que compra um monte de balões para amarrar nos braços acreditando que, se o vento estiver a favor, eu voarei.

Mas caso não esteja nem ventando, escrevo meus desejos em cada um dos balões e os solto para que o Universo possa realizar alguns deles.

Eu que jurava ter sentido o mais sublime de todos os sentimentos, fui arrebatada por uma emoção, se é que o amor possa ser definido apenas como isso, que transcende minhas realidades.

Um coquetel de felicidade misturado com uma adrenalina, que ao mesmo tempo que acelera meu coração, acalenta-o da forma mais envolvente e doce que pode existir.

Fui embriagada por essa sensação que ainda procuro significados, mas cheguei à conclusão de que amar é renascer em vida.
É sentir o pulsar do Universo vibrando com harmonia em todo o meu ser. É sentir um, mesmo sendo dois.

É deliberar sempre a favor da eternidade, pois somente o que não tem fim é capaz de definir o amor.

É saber que assim como o Taj Mahal foi criado em memória do grande amor do imperador Shah Jahan, o Big Bang foi a maneira mais espetacular de explicar o que acontece quando duas forças fazem amor.
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