Amores mal-acabados, daqueles que, na prorrogação, o goleiro pega a única bola que deveria deixar passar, gera replays do que poderia ter acontecido se “pudesse ter gritado gol ”.
Uma parte que mantemos vivas, mas, no sótão, onde guardamos coisas antigas, como aquela boneca que antes falava “eu te amo” e que agora está jogada entre livros e brinquedos empoeirados, que um dia lhe deram alegria. Ficam lá porque, mesmo que não “brinque” mais com eles, a coragem de jogá-los fora ou doá-los não supera a ligação que ainda existe entre você e eles. Estão ali como suporte emocional para quando quiser dar uma olhada ou até pegá-los torne sua lembrança mais viva. Como aquele amor que no passado definia a vida com você e ele. Quando acordava antes do despertador, abria a janela para respirar aquele vento fresco, repleto de promessas e esperanças. Quando as borboletas na barriga davam lugar aos vagalumes, ao receber uma mensagem carinhosa, altas horas da noite. Quando os passeios de carro mais pareciam um convite para irem “mais adiante”, mas algo impedia que o desfecho, que tanto desejavam, acontecesse, como se uma barreira invisível os proibisse. A separação aconteceu da mesma maneira que um conta-gotas vai, aos poucos, minando o resto de água que ainda resta. Eu e você tornou-se eu, e, o que sinto por você tomou conta do meu ser, como um fantasma que deseja habitar um corpo para poder sentir. Os dias passaram e a as manhãs que eram tão coloridas, agora estavam cinzentas, obrigando a sentir melancólica com aquela paisagem que parecia saber o que sentia. O despertador finalmente teve sua função. O cheiro da brisa matinal passava despercebido. E as nuvens que estampavam o céu criavam formas irregulares, sem nenhuma simetria, fazendo-a pensar que o mundo a sua volta havia perdido a harmonia. Filmes dirigidos por sua mente mimetizada por sentimentos mal resolvidos foram produzidos de forma contínua, como se você tivesse o poder de transformar imaginação em realidade. Os lugares por onde estiveram, passaram a ser assombrados por lembranças tão vivas que, algumas vezes, você se pegava abrindo os lábios, como se fosse receber um beijo. Até o modo como passava as marchas deixava sinais de arrepios por sua pele. Como exorcizar sentimentos intensos e repletos vida? Vivendo-os com a pessoa amada que, por ironia, sátira ou humor negro, agora é casado com outra e já tem filhos. Você então imprime um sorriso com gosto de fel nos lábios querendo rir e chorar. As lágrimas surgem nos cantos dos olhos, mas não conseguem sair dali. Agora você ama e o odeia com a mesma intensidade. Quer beijar e mordê-lo para deixar pelo menos uma marca que equivale há centenas que ele deixou em sua alma. Passados 3 anos uma inesperada mensagem chega em seu telefone: Meu casamento é de fachada não sinto nada por ela e ainda te amo. Você desata a rir, daqueles risos estranhos que tem um quê de loucura e o xinga em pensamento, com os mais variados adjetivos depreciativos. Depois dessa mensagem, que pelo jeito veio pela rede dial-up daquelas em que o modem fazia um bip irritante quando conectava, porque para demorar 3 anos… Você percebe que já não sente mais nada por ele, ou melhor sente… pena.
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December 2019
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